Pantanal tem primeira certificação de crédito de carbono com projeto REDD+ Serra do Amolar

A onça-pintada desempenha um papel ecológico fundamental para o equilíbrio dos ecossistemas, protegendo a biodiversidade, as águas e as florestas, além de garantir a sobrevivência das espécies que coexistem com ela e de seus habitats associados. O felino está presente em 18 países da América, mas nos últimos 100 anos sua população foi reduzida quase pela metade. De acordo com o Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção, do ICMBio, a espécie é considerada quase ameaçada. Ainda, de acordo com o Programa Felinos Pantaneiros, estima-se que, no Pantanal, existem 12,4 onças-pintadas por 100 km2.

Por isso, desde 2019, a ISA CTEEP, líder no setor de transmissão de energia do País, desenvolve o Programa Conexão Jaguar, que visa à conservação da biodiversidade; à mitigação das mudanças do clima por meio da implementação de projetos florestais em áreas prioritárias para proteção, recuperação e conexão do habitat e corredores da onça-pintada; e ao desenvolvimento das comunidades.

Uma dessas áreas fica no Pantanal, e agora em abril houve a certificação do primeiro projeto de crédito de carbono no bioma denominado REDD+ Serra do Amolar, que é desenvolvido pelo Instituto Homem Pantaneiro (IHP), em parceria com a ISA CTEEP. O anúncio da certificação inédita foi feito no Memorial do Homem Pantaneiro, em Corumbá, na manhã desta terça-feira (30). Junto com o presidente do IHP, Ângelo Rabelo, estiveram no evento o governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel, a secretária nacional de Biodiversidade, Florestas e Direitos Animais, do Ministério do Meio Ambiente, Rita de Cássia Guimarães Mesquita, além de outras autoridades e representantes da ISA CTEEP.

Governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel, faz anúncio da primeira certificação de créditos de carbono no Pantanal. Foto: Reinaldo Delgado/IMC

“Recentemente, fomos reconhecidos como uma empresa carbono neutro pelo Instituto Colombiano de Normas Técnicas e Certificação (Icontec), nos escopos 1 e 2, o que demonstra que estamos no caminho certo com as iniciativas dentro de casa, como as ações de ecoeficiência para o uso responsável de recursos naturais em nossas operações. O Programa Conexão Jaguar é a forma que encontramos de transcender as nossas operações e potencializar a geração de valor sustentável para o país”, diz Ana Carolina David, gerente de comunicação, sustentabilidade e relações institucionais da ISA CTEEP.

A área protegida com o apoio do Programa é de mais de 135 mil hectares, está localizada no município de Corumbá (MS), forma um corredor de biodiversidade para a onça-pintada e outras dezenas de espécies animais e equivale a cerca de 200 mil campos de futebol, compondo assim o primeiro projeto REDD+ com emissão de créditos de carbono no Pantanal. A gestão da área protegida é realizada pelo Instituto Homem Pantaneiro (IHP), responsável pela execução do projeto.

Secretária Nacional de Biodiversidade, Florestas e Diretos Animais, Rita Mesquista, no evento de lançamento da primeira certificação de créditos de carbono no Pantanal. Foto: Reinaldo Delgado/IMC

De acordo com o próprio IHP, o Brasil abriga a maior população de onça-pintada do mundo, principalmente, na Amazônia e no Pantanal.

“Essa área representa um corredor para a biodiversidade onde há centenas de espécies de mamíferos, de aves e de répteis. Com esse projeto, nós ampliamos a proteção a um sítio do Patrimônio Natural da Humanidade. Além do benefício ambiental, o Programa Conexão Jaguar permite uma revolução econômica no local, à medida que contribui para o desenvolvimento das comunidades pantaneiras. Essa é uma iniciativa privada que caminha ao encontro da necessidade humana sob os aspectos ambiental e social”, explica Coronel Ângelo Rabelo, presidente do IHP.

Pioneirismo e marco histórico

O Programa Conexão Jaguar, desenvolvido pela ISA e suas empresas, é responsável pelo financiamento e apoio técnico deste primeiro projeto REDD+ (Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal) certificado no Pantanal pela Verra. A certificação de créditos de carbono contou com o apoio dos aliados técnicos da ISA CTEEP, South Pole e Panthera, dois líderes mundiais no combate às mudanças climáticas e no fomento da sustentabilidade, dedicados ao mercado voluntário de créditos de carbono e à conservação de grandes felinos, respectivamente.

Os créditos de carbono são instrumentos de incentivo à preservação, desenvolvidos no âmbito da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC) para recompensar financeiramente áreas em desenvolvimento por seus resultados de redução de emissões de gases de efeito estufa. No bioma Pantanal, é o primeiro projeto certificado no Brasil, como resultado do Programa Conexão Jaguar, e tem potencial de redução de mais de 430 mil toneladas de CO2e até 2030. Ainda, a iniciativa terá o desafio de reduzir em 90% o desmatamento não planejado, no qual está incluído o fogo, considerado o principal fator de desmatamento neste bioma.

Abaixo, conheça quais são os impactos esperados até o fim do projeto:

– Proteger e conservar uma área florestal de alto risco de forma permanente para viabilizar um refúgio natural para a onça-pintada, ariranha, tamanduá-bandeira, tatu-canastra e anta, espécies consideradas em extinção, em risco ou que são guarda-chuva;

– Evitar o desmatamento não planejado e aumentar a funcionalidade do bioma;

– Aumentar a quantidade de carbono sequestrado na vegetação nativa permanente, por meio de maiores áreas de reservas, aplicação de tecnologias, outros usos de solo, dentre outras iniciativas;

– Reforçar a governança local e a gestão de áreas protegidas, por meio da participação ativa das comunidades no entorno, que até hoje retiram do ambiente o seu sustento, sem comprometer os recursos naturais de forma permanente.

O REDD+ atende aos critérios do Nível Ouro GL3 – Benefícios Excepcionais à Biodiversidade.

Chamada para novos projetos

Interessados em fazer parte do Programa Conexão Jaguar podem cadastrar seus projetos florestais em https://conexionjaguar.org/pt-br/faca-parte/. As iniciativas selecionadas receberão apoio técnico e financeiro para emitir e comercializar créditos de carbono com os mais elevados padrões internacionais (VCS + CCB e Gold Standard), além de apoio técnico para conhecer o estado de conservação das espécies de médios e grandes vertebrados que habitam na área do projeto.

Sobre o Programa Conexão Jaguar

Diretora-executiva de finanças e relações com investidores da ISA CTEEP, Carisa Cristal, no evento de lançamento da primeira certificação de créditos de carbono no Pantanal. Foto: Reinaldo Delgado/IMC

Atualmente, o Programa apoia nove iniciativas na Colômbia, Brasil, Peru e Chile, que somam uma redução potencial de mais de 7 milhões de toneladas de CO2 em mais de 828 mil hectares de floresta e com 188 espécies de fauna registradas por meio de armadilhas fotográficas, algumas em algum grado de ameaça, como o jaguar e a arara.

O Conexão Jaguar contribui para cumprir com as metas globais da agenda 2030, como o Acordo de Paris, o Convênio sobre a Biodiversidade Biológica e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Para o ano 2030, a companhia estabeleceu a meta de apoiar 20 iniciativas de conservação e restauração de florestas ao longo do corredor da onça-pintada na América Latina, com as quais espera contribuir para a redução de 9 milhões de toneladas de CO2.

Sobre a ISA CTEEP

Com uma equipe de mais de 1.400 colaboradores, a ISA CTEEP está presente em 17 Estados, operando uma complexa rede de transmissão por onde trafegam 30% de toda a energia elétrica transmitida no Brasil e 94% no Estado de São Paulo. Seu sistema elétrico é composto por mais de 29 mil km de circuitos (cerca de 28 mil em operação e 1,5 mil em construção), incluindo ativos próprios e controlados em conjunto, e 133 subestações próprias (126 em operação e sete em construção) com tensão de até 550 kV. Seu acionista controlador é a empresa colombiana ISA, que detém 35,82% do capital total.

Sobre o IHP

Com 20 anos de atuação, o Instituto Homem Pantaneiro (IHP) compartilha com a sociedade os desafios para a conservação do Pantanal e toda sua biodiversidade. O Instituto é uma organização da sociedade civil, sem fins lucrativos, que atua na produção de natureza no bioma Pantanal, com respeito à história e à cultura local. Dentre as atividades desenvolvidas, destacam-se a gestão de áreas protegidas, o apoio a pesquisas e à promoção de diálogo entre os atores com interesse nas áreas.

O Instituto realiza a gestão da Rede de Proteção e Conservação da Serra do Amolar (Rede Amolar). Esse programa foi criado em 2008, por iniciativa do IHP, e conta com parceria de outras instituições envolvidas na conservação da natureza. A Rede Amolar forma um corredor para a biodiversidade no Pantanal com área de mais de 300 mil hectares.

Dentro desse território, o IHP tem as áreas São Gonçalo, Santa Rosa e Serra Negra e copropriedade na Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Engenheiro Eliezer Batista. O IHP também é responsável pela gestão das fazendas Vale do Paraíso e Morro Alegre e de quatro RPPNs (Penha, Acurizal, Dorochê e Rumo Oeste). O IHP também integra o Observatório Pantanal.

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